Discurso Lúdico
Consideremos que esta seria a forma mais aberta e “democrática” de discurso. Residiria aqui um menor grau de persuasão, tendendo, em alguns casos, ao quase desaparecimento do imperativo e da verdade única e acabada. Lúdico significa jogo.
O discurso lúdico compreenderia boa parte da produção artística, por exemplo, a música, a literatura. A própria descoberta da linguagem pela criança tem muito deste caráter de jogo com as palavras: prazer e encantamento com os mistérios dos sons. Seria, pois, um tipo de discurso marcado pelo jogo de interlocuções, no qual o signo ganha uma dimensão múltipla, plural, de forte polissemia.
Discurso Polêmico
Cria um novo centramento na relação entre os interlocutores, aumentando o grau de persuasão. Agora, os conceitos enunciados são dirigidos como num embate/debate. Há uma luta, onde uma voz tenderá a derrotar a outra. Nesse caso, o grau de polissemia tende a baixar, dado existir o desejo do eu em dominar o referente. O discurso polêmico possui um certo grau de instigação, visto apresentar argumentos que podem ser contestados. Digamos que o enunciador opera a uma abertura sob controle.
Discurso Autoritário
Essa é a formação discursiva por excelência persuasiva. Aqui se instalam todas as condições para o exercício da dominação da palavra. O tu se transforma em mero receptor, sem qualquer possibilidade de interferir e modificar aquilo que está sendo dito. É um discurso exclusivista que não permite mediações ou ponderações.
A sociedade moderna está fortemente impregnada desta forma de discurso.
O discurso autoritário é encontrável, de forma mais ou menos mascarada, na família: o pai que manda, sob a máscara do conselho; na igreja: o padre que ameaça sob a guarda de Deus; no quartel: o grito que visa a preservar a ordem e a hierarquia; na comunicação de massa: o chamado publicitário, que tem por objetivo racionalizar o consumo, além dos programas de auditório que, por meio de suas receitas prontas, apresentam toda uma estrutura manipuladora.
Esquema
A análise do discurso deve ser considerada em função de quatro elementos: distância, modalização, tensão e transparência. Façamos agora a adequação desses elementos ao discurso autoritário e persuasivo.
1. Distância (atitude do sujeito falante face ao seu enunciado). – O sujeito falante é exclusivo. O enunciado está marcado por uma espécie de “desaparecimento” dos referentes. A voz do enunciador é mais forte do que os próprios elementos enunciados.
2. Modalização (modo como o sujeito constrói o enunciado). - O texto autoritário, persuasivo, possui traços muito peculiares: o uso do imperativo, o caráter parafrásico etc.
3. Tensão (relação que se estabelece entre o emissor e o receptor). - O emissor domina a fala do receptor; não abre espaço para a existência de respostas. É um eu impositivo, é a voz de quem comanda.
4. Transparência (maior ou menor grau de transparência, ou opacidade, do enunciado) – Tende a uma maior transparência, visto tornar-se um enunciado mais facilmente compreensível pelo receptor. A mensagem é mais claramente afirmada. Com isso, o signo tem seu grau de polissemia diminuído. A metáfora não convive muito bem com a violência do convencimento autoritário.
Discurso Acadêmico
Estrutura típica das dissertações científicas
A palavra “monografia” (estudo pormenorizado de determinado assunto relativamente restrito) costuma ser empregada em sentido lato, para designar indistintamente os gêneros maiores das dissertações científicas, e, em sentido restrito, especificamente, as teses acadêmicas. Tanto num sentido quanto no outro, essas monografias apresentam – ou costumam apresentar – uma idêntica estrutura do texto propriamente dito, embora possam divergir no que se refere a alguns elementos preliminares e pós-liminares.
A – Capa
A capa é geralmente de apresentação livre, devendo constar o nome do autor, o título, a indicação do editor e do local (cidade) e a data (ano) da publicação. Deve constar também a classificação do trabalho (mestrado ou doutorado) e patrocínio da empresa ou instituição, se for o caso.
B - Folha de rosto
Semelhante à capa, na folha de rosto deve constar os dados essenciais para identificação do trabalho.
C – Dedicatória
Havendo dedicatória, ela deve vir após a folha de rosto, geralmente no pé da página seguinte.
D – Agradecimentos
Nos trabalhos de pesquisa, deve constar agradecimentos a instituições, pessoas que lhe auxiliaram.
E – Sumário
O sumário é a enumeração das principais divisões, seções e outras partes de um documento, devendo localizar-se após a dedicatória.
F – Sinopse (ou resumo)
Sinopse é a apresentação concisa do texto de um artigo, obra ou documento que acompanha, devendo ser redigida pelo autor. Precede o texto e, dependendo da veiculação do trabalho, poderá vir também em outros idiomas.
G – Lista
Alguns trabalhos costumam apresentar também lista(s) de ilustrações, de tabelas, abreviaturas e símbolos, que devem preceder o texto.
H – Texto
O texto, que encerra a exposição da matéria, é a essência do trabalho e deve apresentar a seguinte estrutura:
1. Introdução – dá uma idéia clara e concisa do assunto, delineando sucintamente o plano de trabalho.
2. Método(s) – compreende não apenas a indicação dos processos adotados na apuração e análise dos fatos mas também a própria descrição ou exposição narrativa da experiência ou pesquisa e da aparelhagem e do material empregados.
3. Resultados – expõe aquilo que se apurou, se observou, e que vai, a seguir, ser analisado e discutido.
4. Discussão – é a interpretação dos resultados, indicação de sua importância. O estilo dessa parte é essencialmente argumentativo: trata-se de provar e comprovar com os fatos apurados, com a análise e interpretação deles, no sentido de convencer o leitor da consistência e validade da tese defendida pelo autor.
“Métodos”, “Resultados” e “Discussão” constituem o desenvolvimento, parte substancial de qualquer tipo de exposição e deve apresentar algumas características formais, como:
a) esclarecer devidamente o leitor quanto ao ponto de vista que se coloca o autor;
b) apresentar os fatos de maneira objetiva, distinguindo-se pelo exatidão das definições e das descrições, ordenando, encadeando as idéias de maneira clara e coerente;
c) evitar raciocínio falacioso;
d) demarcar nitidamente os estágios sucessivos da apuração dos fatos;
e) documentar adequadamente, mencionando sempre, e de acordo com as normas vigentes, as fontes bibliográficas, cuidando o autor em não apresentar como suas idéias alheias;
f) ilustrar, se necessário, com mapas, gráficos, tabelas, etc.
5. Conclusão – dependendo do enfoque do trabalho, pode apresentar uma série de inferências, a partir dos fatos apresentados: “Conclui-se, assim (portanto, em vista do exposto...) que: 1º ...; 2º...; 3º...etc.”, ou enlace das conclusões gerais a que se possa ter chegado.
6. Apêndice(s) ou anexo(s) – matéria suplementar apresentada por muitos trabalhos, constituídas de mapas, gráficos, ilustrações, tabelas, dados estatísticos etc.
7. Bibliografia (ou Referência bibliográfica) – deve vir ao final do trabalho e deve seguir um critério, de acordo com as normas vigentes.
8. Índice – é uma lista detalhada e por ordem alfabética dos assuntos, dos nomes próprios e outros dados, com a indicação de sua localização na obra.
Discurso: Publicitário
O texto publicitário nasce na conjunção de vários fatores, quer psico-sociais-econômicos, quer do uso daquele enorme conjunto de efeitos retóricos aos quais não faltam as figuras de linguagem, as técnicas argumentativas, os raciocínios. Ele pode tender à busca de uma originalidade instigante, ou seguir uma direção oposta, repetindo esquemas estereotipados, feitos em menor grau de originalidade, porém com igual força persuasiva.
Alguns esquemas básicos usados na publicidade a fim de obter o convencimento dos receptores:
1. O uso de estereótipos – esquemas, fórmulas já consagradas. A grande característica do estereótipo é que ele impede qualquer questionamento acerca do que está sendo enunciado, já que é algo de domínio público, uma “verdade” consagrada.
2. A substituição de nomes – mudam-se termos com o intuito de influenciar positiva ou negativamente. Eufemismos, metáforas e paranomásias se prestam a esses casos.
3. Criação de inimigos – o discurso persuasivo costuma criar inimigos mais ou menos imagináveis: sabão em pó versus sujeira, creme dental versus tártaro, produto versus concorrente.
4. Apelo à autoridade – chamamento a alguém que valide o que está sendo afirmado.
5. Afirmação e repetição – são dois importantes esquemas utilizados pelo discurso persuasivo, já que, como apregoava Goebbels, o teórico da propaganda nazista, “uma mentira repetida muitas vezes é mais eficaz do que a verdade dita uma única vez”.
Alguns raciocínios
1. Raciocínio apodítico – Possui tom de verdade inquestionável. O que se pode verificar aqui é o mais completo dirigismo de idéias; a argumentação é realizada com tal grau de fechamento, que não resta ao receptor qualquer dúvida quanto à verdade do emissor. Raciocínio implícito, cujo caráter imperativo torna indiscutível o enunciado. O receptor fica impedido de esboçar qualquer questionamento. É um raciocínio fechado em si mesmo que não dá margem a discussão.
2. Raciocínio dialético – Busca quebrar a inflexibilidade do raciocínio apodítico, apontando para mais de uma conclusão possível. No entanto, o modo de formular as hipóteses acaba por indicar a conclusão mais aceitável. É um jogo de sutilezas que consiste em fazer parecer ao receptor existir uma abertura no interior do discurso.
3. Raciocínio retórico – É um mecanismo de condução de idéias, capaz de atuar junto a mentes e corações, num eficiente mecanismo de envolvimento do receptor. Não se busca um convencimento apenas racional, mas também emotivo.
Discurso Religioso
É uma das formações discursivas mais explicitamente persuasivas. Estamos diante de um discurso de autoria sabida, porém não-determinada, visto que a fala do pastor se constrói como verdade não sua, mas do outro, aquele que, por ser considerado determinação de todas as coisas, apresenta-se como dogma, englobando todas as falas do rebanho de maneira inquestionável.
Mecanismos que acentuam a persuasão no discurso religioso:
- Uso do modo imperativo
- O vocativo subjacente
- A função emotiva
- O uso de metáforas
- Uso intenso de parábolas e paráfrase
- Uso de estereótipos
Discurso Jornalístico
O segredo da boa notícia depende da maneira compreensível como chega ao receptor. A regra primordial é narrar o fato simples e rapidamente, para que o público fique bem informado. Condena-se, portanto, o excesso de adjetivação; o máximo de informação deve ocupar o mínimo de espaço. A informação deve apresentar, na medida do possível, imparcialidade e objetividade.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Muito bom!
ResponderExcluirPrabéns pela proposta de trabalho do blog.
Um abraço.
Muito bom para ajudar na compreensão e execução didatica de um trabanho.
ResponderExcluirUm abraço
Maria J Fortuna
Bacana e didático. Vou começar a me reciclar por aqui...
ResponderExcluirSilvia,
ResponderExcluiradorei estudar hj com sua linguagem...
adorei
beijinhos
Muito legal os textos! Parabéns!
ResponderExcluirAtenciosamente;
Dr. Fabio Corsini Motta - ABQ:0486
Instituto Paulista de Quiropraxia - IPQ
Tel.: 11-9466-2260
http://www.ipquiropraxia.com.br/quiropraxia.html
Muito Bom, Parabéns!
ResponderExcluirAtenciosamente;
Dr. Fabio Corsini Motta - ABQ:0486
Instituto Paulista de Quiropraxia - IPQ
Tel.: 11-9466-2260
http://www.ipquiropraxia.com.br/quiropraxia.html
De fácil entendimento, muito bom!
ResponderExcluirParabéns.
Coloque as referências de sua pesquisa. Consegui identificar Citelli nessa. Evite problemas de plágio. Beijos e bom trabalho.
ResponderExcluir